sexta-feira, 3 de julho de 2020

A Imperatriz do Brasil



Lembrando do tempo em que éramos felizes e não sabíamos, antes de existir pandemia, quando o saudoso Conde Drácula/Temer era nosso odiado presidente golpista, quando ainda podíamos ser abertamente de esquerda ou de direita ou de centrão ou alienados sociais... - naquele tempo ainda se economizava o ano inteiro prá ter direito às merecidas férias anuais.

No Nordeste, onde Deus ainda é brasileiro e se orgulha disso, lá fomos nós conhecer os Lençóis Maranhenses.

Viajamos de avião em voo noturno - que é sempre mais barato - e dali fomos alugar um poizé, como sempre fazemos prá ter um pouco de autonomia - o que se provou, dessa vez, totalmente desnecessário, pois o carro acabou ficando as férias todinhas no estacionamento. Não que a gente não tenha passeado - passeamos sim e muito - mas nas vans dos guias. Ou toioteiros, como se chamam, pois quase todos tem um toyota...

Tem cidades que dão acesso aos lençóis maranhenses que são mais turísticas, mais chiques (como Barreirinhas), mas sabiamente meu filhinho (que arrumou todos os detalhes da viagem) optou por Santo Amaro do Maranhão. Um cantinho perdido no tempo, onde as pessoas se sentam nas portas à noite prá apreciar o vento fresco - já que durante o dia a gente literalmente se assa no sol escaldante - um sol prá cada um, como se diz por aí.

Que cidade maravilhosa! As pessoas hospitaleiras, que te olham nos olhos quando conversam, com as quais você papeia como se te conhecessem a vida toda... 

Uma praça bonita em frente à igrejinha católica onde andam de bicicletas crianças em plenas dez e meia da noite ao mesmo tempo que casais conversam cada um de um lado do portão ou passeiam de mãos dadas enquanto chupam um sorvete - e que sorvete!

Acabei ficando amiga da dona da sorveteria, uma senhora da minha idade que contava os minutos prá eu chegar, que quando eu me atrasava dizia que tava triste pensando que eu não vinha e que deixava reservado o mais delicioso sorvete de café - todos eles fabricados pelo filho dela - e o sorvete de tapioca da Naninha e os de frutas da região que o restante da família fazia questão de experimentar um por dia... Até tirei foto com ela, mas não mostro. Tô tão candonga, no bico do corvo mesmo - prefiro que me imaginem uma velha cheia de vitalidade e beleza grisalha na porta da terceira idade do que vejam como o tempo tem me demolido cruelmente nestes últimos anos. Ainda bem que a cabeça ainda funciona...

Na porta da igrejinha, numa simples barraca, uma mãe e seu filho serviam, pro povo que saía da missa e prá qualquer um que quisesse por apenas um realzinho um copo de canjica doce cremosa quentinha, com canela em cima - que delícia!

Um restaurante familiar na praça, apenas uma casinha, servindo o mais simples arroz com feijão, ovo frito, batatinha - nada de luxuoso, aposto que a maioria de vocês talvez torcesse o nariz prá comida, prás acomodações (igual ao Marildo, querendo almoço gourmet naquele fim de mundo...).

Mas o bom de um lugar no fim do mundo é justamente isso: a simplicidade, a total falta de pretensão, o aconchego...

Um único mercadinho na cidade, com poucos produtos vendendo: umas marcas de café que nunca ouvi falar e que trouxe prá experimentar e dar de presente... Ainda me enganei com o dinheiro, paguei a mais e o garoto veio correndo atrás de mim me entregar o troco certo - em lugares assim andam de mãos dadas a simplicidade e a honestidade...

E a pousada, então? Paraíso do Sol, com café da manhã cheinho de frutas, chá, café, chocolate, bolo caseiro, tapiocas de queijo, cuzcuz com manteiga derretida por cima - dá até vontade de chorar de lembrar. Chorar porque eu podia comer o que quisesse, o quanto quisesse, pois eram férias, afinal de contas!

As moças tão boazinhas, tão atenciosas! Uma delas pediu prá lavar nossa roupa - assim ganhava um dinheiro a mais - e as entregava tão limpas, tão branquinhas e cheirosas!

Na cidadezinha não tinha médico - o abandono dos governos com as cidades pequenas nunca deixa de me espantar... Na farmacinha os antibióticos sendo prescritos e vendidos pelo moço do balcão - que provavelmente nem formado em farmácia deve ser - e que vende os comprimidos por unidade!!!

Deus é brasileiro, ama e protege os pobres - disso não tenho dúvida nenhuma. Sobrevivem a todo esse abandono e te recebem com tanta simpatia que dá até vergonha de pisar em seu solo sagrado, caminhar ao lado deles - nós, os privilegiados da sorte...

Os lençóis são uma das coisas mais lindas que eu já vi na vida. Parece que você está num outro planeta. Parece que você está andando pelos polos do nosso planeta, em paisagens brancas de gelo, mas é tudo areia branca mais fininha que açúcar refinado, cercando lagos de água doce tão limpa que custamos a acreditar em tamanha benção... Nosso guia - Denilson - um rapaz muito bom, nos levava logo cedo em alguma dessas piscinas e lá nos deixava, marcando o horário de nos buscar. Ficávamos com a piscina gigantesca só prá gente, pois existem tantas que você - pedindo - consegue que o guia te leve prá uma só sua! Solidão com a família, paz, recarregando as energias com o que a natureza tem de melhor.

O bom é que os moradores aproveitavam disso tudo, não pertenciam a ninguém - até o "demonho" ser eleito e privatizar os lençóis. Com a desculpa de proteger esse patrimônio, agora vai ter cercas, guaritas e só quem tem grana prá usufruir é que vai... Sinto um nojo tão grande, um ódio quase físico... Mas, como aprendi na terapia, o que eu não posso mudar não me cabe ficar chorando. Respiro fundo e espero que um dia todo esse lixo se reverta...

Frequentamos duas piscinas novas por dia - tinha até piscina cheia de peixinhos, onde eles te fazem uma pedicure comendo toda a pele mortinha dos teus pés. Infelizmente sofri muito com isso, pois como tenho psoríase e muitas partes da pele escamando os peixinhos me beliscavam todinha e, como sou muito sensível, me incomodava muito. Mas o restante da família adorou, até sentiam cócegas...

E então, seguindo o roteiro pré estabelecido pelo meu docinho fomos à capital pegar um barco prá irmos até a ilha de Alcântara. Minha Nossa Senhora da Aparecida! Que coisa! Que pesadelo! O horror! Como sobrevivemos sempre será um mistério prá mim!

"Beleza!", a gente pensou. "A gente aguenta tranquilo, afinal andamos de chata até a Lagoa das Américas", a tal piscina dos peixinhos... Mas - Deus do céu - andar de barco é outro departamento! Atravessar o Atlântico, um pedaço de mar fortemente agitado pelo vento, uma montanha russa  que parece parada na horizontal, alcançando alturas enormes na vertical...

Um barco com motor e com velas ao mesmo tempo, com bancos de madeira enfileirados, lotado além do que cabiam realmente de pessoas - prá maximizar o lucro do dono da embarcação. Um velho conversa-mole, que vende ele mesmo as passagens, pois não confia em mais ninguém prá receber o dinheiro que lhe faz brilhar os olhos...

Daí sentamos nos bancos eu, o Marildo, meu docinho e minhas meninas junto de alemães e italianos de visita turística ao Brasil, os primeiros de nariz empinado, conversando a princípio em sussurros, sentindo-se superiores à gentalha nacional e os italianos, mais alegres e conversadores entre si - todos nós tranquilos ao embarcar.

Minto. Havia uma pessoa nada tranquila prá embarcar - eu. De vestido de malha comprido feito por mim mesma, bem simplezinho como eu gosto, chinelinho de dedo - que cheguei na idade de ser feliz sendo eu mesma, quem não gosta olhe pro outro lado que eu não devo nada prá ninguém. Mas de bengalinha, como sempre, e totalmente incapaz de pular aquele metro entre a terra firme e o barco...

Surge então o herói nacional - não o Marildo, que diz que eu valho meu peso em ouro mas que não lucra nada com isso e gostaria que eu perdesse bem uns vinte quilos desse ouro todo, nem meu filhinho musculoso e alto mas com hérnia de disco que o atormenta dia sim e outro dia também - mas o próprio capitão do barco, que na pressa de partir logo veio todo gentil, me pediu licença e, antes que eu pudesse dizer não e gritar feito uma menininha, me pegou no colo como se eu fosse um travesseiro de penas e me carregou prá dentro. Oh, vergonha!... Mais uma na vida prá eu engolir com farofa.

E olha que o capitão era um senhor de uns cinquenta anos careca e magrelo, com a pele curtida parecendo um couro que você olhando não dava nada por ele. Na adversidade brota a verdadeira força, se querem saber o que eu penso.

Mas não fui apenas eu que passei vergonha. O Marildo e os filhos tomaram Dramim prá aguentar o translado sem vomitar - o Marildo tomou dois. Efeito zero.

Nem bem o barco foi se afastando e começou a reencenação do filme "O Exorcista", com três atores, disputando a estatueta APENAS na minha família. Malditos alemães e italianos, e eu pensando que as águas de Veneza eram paradas e fedidas, que o rio Danúbio só nos lembra calmas valsas - lá estavam eles maravilhosamente aguentando os sobes-e-desces do horizonte como se fosse nada...

Meu companheiro de quarto se contorcendo todo a cada onda de vômito, socorrido por mim, pelo nosso menino e por um funcionário muito gente boa do barco, que arrumou saquinhos, papel higiênico prá limpar à toa a barba dele, toda decorada com as sobras expulsas do farto café da manhá na pousada... Ao meu lado a Lolô foi pêga de surpresa pelo próprio corpo e deu um banho num casal de jovens italianos - talvez em lua de mel, recebendo um batismo do bom vômito nacional.

Mas se engana quem pensa que a agonia passou logo: enquanto durou o trajeto, durou o festival. Sorte dos italianos que decidiram pousar na ilha, assim puderam tomar seu banho, queimar as roupas e seguir viajem longe de nós.

Meu filho não vomitou - ele tem um alto poder de concentração. Ele me disse que sentia vontade mas lutava contra, pois sentia que precisava tomar conta da velha. E eu não vomitei porque, como eu sempre digo, sempre fui mais forte. Imagino que se não tivesse sido premiada com a psoríase e com a artrite psoriásica eu ainda subiria correndo as escadas de casa, lavaria toda a roupa, cuidaria de todos, nunca pegaria uma gripe e ainda daria gargalhadas da passagem do tempo e dos seus efeitos nos outros meros mortais...

Quando afinal chegamos na ilha fomos recepcionados por um guia, chamado Matias, que se predispôs a nos mostrar os recantos históricos e turísticos, lugares pra boas fotos, onde comer, etc. Ficou combinado um horário pro barco sair e que todos deveríamos estar no porto um pouco antes, prá dar tempo de todos partirem com tranquilidade, pois o mar fica mais agitado ainda, sobe a maré e não dá prá aportar com segurança.

E lá fomos nós.

Conhecemos as ruínas de duas mansões do tempo do Brasil Império, construídas por dois rivais políticos, ambas prá recepcionar D. Pedro II em sua visita a Alcântara - visita que nunca aconteceu e que deixou grossas paredes de pé até hoje, com enormes vãos prá janelas nunca instaladas e salões enormes de bailes reais que só ficaram nos sonhos dos tais ricos. Assim acaba toda a vaidade e riqueza deste mundo - em ruínas.

Senti ao mesmo tempo pena e asco das pessoas tirando fotos no pelourinho - a dor ainda habita aquele memorial, ele deve ser ainda pensado, sentido e chorado, pois aquela trágica parte da nossa história ainda reverbera até hoje...

Fomos conhecer um museu da escravidão, onde mais uma vez sentimos doer a alma, o coração, até os ossos, face a crueldade do ser humano para com o outro ser humano - que espécie grotesca e monstruosa conseguimos ser, às vezes... Vi uma bola enorme de ferro, do tamanho de uma bola de basquete, de ferro sólido, cheia de correntes, onde o escravo era preso prá ser castigado - ele não podia se sentar, não podia deitar, não podia ficar de pé, preso àquela obra saída do próprio Inferno... Ficava horas, dias preso àquela engenhoca maligna ajoelhado, com as pontas dos dedos dos pés tocando o chão, os braços presos atrás do corpo, uma corrente com garrote preso em seu pescoço, forçando-o a olhar o tempo todo pro céu, a fim de pedir perdão por ser um "mau escravo". Mesmo com toda a empatia de que sou dotada não consigo imaginar a dor da menina linda que nos guiou no museu e nos explicou tudo, ela mesma negra e cujos ancestrais sofreram todas aquelas crueldades...

Vimos chicotes com uns pregos nas pontas, a fim de lacerar ainda mais a pele, focinheiras - sim, focinheiras! - que impediam o escravo de comer e beber enquanto lhe machucavam o rosto, a boca, a língua... 

Ainda bem que tudo isso passou - por um momento pensamos - até que nos lembramos que o mal ainda vive entre nós, especialmente quando vemos nosso Excrementíssimo Presidente dizer que seus filhos jamais se casariam com uma negra porque foram bem criados e que os negros, numa comunidade quilombola que ele visitou, deviam ser pesados em arrobas, como o gado... 

O passado ainda vive, ainda resfolega de prazer em humilhar, discriminar e injustiçar...

Vimos tudo o que havia prá ver, descobrimos que era costume todas as casas terem ao menos um pé de carambola prá receber as visitas com o doce e hospitaleiro frescor da fruta, entrei num ateliê de uma costureira local, onde uma máquina de costura do tempo da minha avó dava conta dos vestidos e saias das mulheres que ali esperavam sua vez de serem atendidas, em meio a chitas coloridas e cetins brilhantes, mulheres a me encararem com reserva e com razão, afinal tenho toda a figura do opressor...

Conhecemos também outra parte da história do Brasil que a gente não conhecia: o Centro de lançamentos de Alcântara, também conhecido como a Janela Brasileira para o Espaço. Construída durante a Ditadura Militar - provavelmente com o incentivo dos Americanos, pois é um local estratégico - quando da nossa visita se encontrava desativada, apenas com um guia local que nos deu aquela aulinha básica e nos pediu prá assinar o livro. Bonito lugar.

Chegamos no porto meia hora antes do combinado, fomos ao sanitário e, pensando que o barco ainda ia chegar, nos sentamos calmamente nos bancos esperando por ele. Numa carroça puxada por um homem ia um porco enorme sendo transportado no último passeio da sua vida - pobrezinho, achando a vida bela, farto de comida por tanto tempo, carregado sem ter que andar, sem saber do destino que o esperava...

Então nos surpreende o guardinha do porto avisando que o barco já tinha partido, que agora só amanhã, que a gente ia ter que dormir na ilha!

Meu marido virou o bicho - não queiram ver o Marildo nervoso, aquela veia que pulsa na têmpora e a língua sendo mastigada é sinal de tempestade. Na mesma hora ele pegou o celular prá ligar pro dono do barco, que tinha nos cercado de atenções e nos massageado os egos na esperança que a gente repetisse o passeio e recomendasse aos amigos e ele, mais que prontamente, ligou pro capitão e fez o barco voltar.

Acontece que o barco já estava no meio do caminho.

E acontece também que ele estava cheio de trabalhadores das pousadas da ilha, voltando para suas casas, aflitos prá chegarem logo.

E aí dou a conhecer a vocês a "Imperatriz do Brasil": eu. 

Antes mesmo do barco ancorar prá pegar a gente, enquanto ainda o capitão manobrava, as pessoas dentro do barco gritavam (gritavam mesmo, enfurecidas), que aquilo era um absurdo, que já estavam quase chegando, que negócio era aquele!!! Onde já se viu isso!!! e conforme eu fui me aproximando do cais, ao me verem toda branquinha com meu vestidinho de flores miúdas e bengalinha, chapéuzinho de palha prá me proteger no sol na cara, não enxergaram mais ninguém e começaram a dizer:

"Ah, mas tinha que ser, a rainha em pessoa!"

"Rainha nada, deve ser a imperatriz do Brasil, tá se lixando pros horários dos seus escravos!"

"Imagina se um de nós ficasse prá trás, você acha que o capitão dava meia volta? Dava nada, só prá imperatriz é que ele faz isso!"

E prá piorar ainda mais veio o capitão novamente me carregar no colo, ao que fui recebida na embarcação com vaias. "Só podia ser uma imperatriz mesmo!!! Tem que ter escravo até prá carregar ela!!!"

Minha família se acomodou o melhor que pôde, recomeçaram as sessões de vômito e fiquei eu lá, em meio a um barco ainda mais lotado que na ida, sentada entre "meus nada fiéis súditos", a me xingarem a viagem inteira.

Talvez falta de assunto, talvez apenas eu fui um veículo prá eles descarregarem toda a sua bem sustentada revolta, não sei... Fiquei quietinha, rezando prá viagem acabar logo, me segurando prá não chorar.

No fundo eu queria que eles tivessem me visto pelo que sou: apenas uma velha doente, que se satisfaz com um bom prato de arroz com feijão e com roupas feitas por ela mesma com retalhos baratinhos comprados em saldos, que tenta não criar marolas no laguinho onde vive prá não causar desconforto a ninguém, mas é assim mesmo: se nossos olhos tivessem raio x, veríamos os esqueletos uns dos outros e talvez tivéssemos medo de falar tanta besteira...

A maré tava muito agitada, então o capitão nos deixou numa praia, bem longe do cais. Ali descemos por uma escada de cordas, nos ensopamos todos e, no caminho até o calçadão, afundando os pés na areia quentinha, ainda escutei xingamentos dos outros passageiros do barco, passando por mim. 

Agora que tanto tempo já passou eu penso que deveria ser fome - eu também fico rabugenta com fome. Por outro lado, todos eles tiveram assunto de sobra prá mesa de jantar, sobre como conheceram uma branquela ricaça que se achava a Imperatriz do Brasil. Um dia talvez eu peça pros netos beijarem meus anéis em sinal de devoção e respeito reais... Se eu tiver netos...

Encharcados de água salgada e sujos de areia chamamos um uber prá nos levar de volta ao cais, onde estava o carro (segunda mentira de hoje: usamos o carro prá passear pelo centro de São Luis duas vezes...), esclarecendo ao motorista que estávamos sujos e molhados mas que pagaríamos pela lavagem do carro e ele simpaticamente nos levou.

Ao chegarmos lá fomos chamados por assobios:"Ô paulistas! Paulistas!"

Era o rapaz que socorreu os vomitadores profissionais - o Oscar de melhor desempenho foi pro Marildo - e eu disse pros homens da família irem lá dar uma boa gorjeta prá ele e pro capitão. Gente muito boa. Especialmente o rapaz.  Mais de uma vez o escutei repreendendo as pessoas que me xingavam, perguntando se eles não tinham mãe, se eram filhos de chocadeira e vindo dizer prá mim que não ligasse, que eles não eram ruins, só estavam cansados. E o capitão também, coitado - espero que não venha a ter uma hérnia...

E foi assim.

É bem como eu li num livro: enquanto não existir justiça social, enquanto o governo não investir em educação, o oprimido vai desejar virar opressor ou vai odiar até a morte quem o oprime.

Mesmo que seja apenas uma velha dublê de Imperatriz...

No atual governo, a base de Alcântara foi entregue aos Americanos - isso mesmo, soberania nacional não existe quando o presidente é cachorrinho do Trump. Se houver uma guerra, talvez vejamos partir dali mísseis prá destruir o mundo - legal, né?

Além do mais, como já mencionei bem lá em cima, o furúnculo que nos governa deu início à privatização dos lençóis maranhenses (juntamente com os parques nacionais de Jericoaquara e Iguaçú). O que é nosso agora pertencerá a privados e aquelas pessoas simples, que nasceram no local e criaram os filhinhos brincando nas lagoas que não eram de ninguém e eram de todos nunca mais poderão se banhar nelas...

Mas até a água que chega às nossas torneiras será privatizada - e quem pensa que com isso vai melhorar, pense um pouco: O que o interesse privado almeja? LUCRO. Água é um direito nosso, garantido na constituição - mas agora será uma mercadoria...

Enfim, tudo seria diferente se eu fosse mesmo Imperatriz do Brasil - ou melhor, se Deus tivesse me dado aquele poder mágico de dar câimbra no brioco de gente ruim - eles não conseguiriam dizer tanta m*, não conseguiriam pegar numa caneta prá assinar nada, talvez se demitissem de seus cargos públicos prá se esconderem em algum canto e cuidar de seus próprios orifícios em chamas...

Ah, caso você não concorde com a opinião desta velha e pensem assim: "Deixa o homem governar, dona Rosa! Vai se lascar!" - nem perca seu tempo fazendo comentário de ódio: meu filhinho peneira e não vai deixar veneno chegar em mim. Me ama e venera.

E eu já estou lascada mesmo - minha genética se encarregou disso. 

Mas, mesmo lascada, sou muito amada, muito cuidada, muito protegida e, com a ajuda de tanto amor e de terapia, sou muito feliz, apesar dos pesares.

Até qualquer dia e que Deus tenha piedade do Brasil, não é mesmo?






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2 comentários:

  1. Dona Rosa, ADORO as tuas histórias, obrigada por mais essa!

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  2. Ahh, D. Rosa, se possível fosse o Brasil ter a senhora como Imperatriz ou algum alto cargo, certamente teríamos um lugar melhor pra viver!

    E quanto ao "mito", o "deixa o homem governar".....só por Deus, fala, sério!

    Ai de quem disser que ele não governa pra família!
    Governa siimmm!!!!
    Mas pra família dele, né?
    kkkkkkk

    Fique com Deus, amoo suas histórias!

    Ana

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