Hoje eu ensino vocês a fazer massa de pastel usando pinga - a conhecida cachaça ou aguardente de cana-de-açúcar - e, de quebra, vai a lembrança de como aprendi a fazer essa massinha...
Nem tenho conta de quantas pessoas boas conheci na vida - Deus foi imensamente bom para comigo. Prá minha sorte, eu me lembro da grande maioria delas...
Já contei prá vocês que eu brincava na rua quando era pequena. Eram outros tempos: poucas pessoas tinham carro, era um bairro da periferia, então as calçadas e o asfalto eram extensões do nosso quintal. A gente rabiscava o meio da rua com um caco de tijolo e pulava amarelinha, desenhava castelos e monstros, riscava o gol na hora de jogar bola - como rendiam os tijolos...
E todos os dias passavam os vendedores de guloseimas: o carrinho de pipoca, o homem do biju, o que vendia machadinha e quebra-queixo... Todos eles estão no céu, se depender das minhas lembranças e agradecimentos...
O homem da pipoca chegava empurrando o carrinho, vestindo seu avental bem branquinho, seu quepe também branco parecendo uma dobradura de papel. Ele parecia o seu Madruga, do seriado do Chaves - magriiiinho! Tocava uma buzininha de borracha avisando sua chegada, as crianças corriam prá dentro de suas casas, atrás de um trocado prá comprar pipoca. Todas, menos nós: a gente sabia que não tinha trocado... Ficávamos sentados no nosso muro, quietinhos, esperando prá voltar a brincadeira. Mas o homem bonzinho sempre chamava a gente depois de atender as outras crianças e, pegando um daqueles saquinhos de papel, sempre nos dava um tantinho de pipoca ou de amendoim torrado - que delícia!!! Abençoado seja...
O homem do biju, que dava um pacotinho prá nós seis dividirmos...
O do quebra-queixo, que nos dava um bilisquinho do doce...
E havia um senhor japonês, pequenininho e magro, quase da minha altura, que subia minha rua com uma cestinha de piquenique coberta com um pano de prato bem branquinho, cheia de pastéis quentinhos feitos pela sua esposa, a fim vender nos bares da avenida...
Na descida, quando não vendia tudo, ele dava todos os que sobrassem prá gente - era o manjar dos céus! Que tristeza quando ele vendia tudo...
Um dia minha mãe pediu prá gente chamar ela quando ele estivesse voltando - queria conversar com ele. Tinha feito com todo o capricho uns panos de prato, bordados com flores e frutas feitos de aplicações de retalhos, prá recompensá-lo por tanta bondade...
Ele tinha aquele jeito humilde de se expressar, se inclinando prá fazer reverências à minha mãe enquanto agradecia - tão doce! Conversando com ela acabou ensinando a fazer a massa do pastel, que eu (a cozinheira da família) aprendi e uso até hoje - sempre me lembrando dele, que já foi pro céu...
Massa de pastel de pinga
1 xícara (chá) de pinga
1 colher (chá) de sal
1 colher (sobremesa) de glutamato monossódico
1/2 xícara (chá) de óleo
1 xícara (chá) de água
1 kg de farinha de trigo
Misturar os cinco primeiros ingredientes numa bacia bem grande, desmanchando o sal e o glutamato o mais possível.
Ir acrescentando a farinha de trigo aos poucos, mexendo com uma colher. Primeiro até parecer um mingau.
Daí, quando ficar difícil de mexer com a colher, ir jogando a farinha e mexer com as mãos.
Sovar a massa bem e...
...ir acrescentando farinha até desgrudar das mãos e ficar lisa e brilhante, homogênea e sem caroços. Viu como a bacia fica limpinha? Toda farinha foi agregada à massa...
Embrulhar no pvc e deixar na geladeira por uma hora, pelo menos.
Ir acrescentando a farinha de trigo aos poucos, mexendo com uma colher. Primeiro até parecer um mingau.
Daí, quando ficar difícil de mexer com a colher, ir jogando a farinha e mexer com as mãos.
Sovar a massa bem e...
(Ooopa! Massinha de pastel errada...) |
...ir acrescentando farinha até desgrudar das mãos e ficar lisa e brilhante, homogênea e sem caroços. Viu como a bacia fica limpinha? Toda farinha foi agregada à massa...
Embrulhar no pvc e deixar na geladeira por uma hora, pelo menos.
Após esse tempo pegar bocados da massa, do tamanho de um ovo - mais ou menos - enfarinhar a mesa e abrir a bola de massa bem fina, com uns 3 mm de espessura.
Dica: se você não tem cilindro nem rolo prá abrir massa, use uma garrafa de vidro vazia, de superfície lisa - é fácil de manusear e de lavar, além de muito mais higiênica...
Rechear à vontade, com palmito refogado, escarola, ou carne moída, frango, queijo e tomate...
Dobrar o pastel, fechar com o garfo apertando as beiradas. Eu não esquento muito com a belezura dele: eu podia cortar com a borda de uma caneca ou com a carretilha, prá ele ficar mais redondinho e bonito, mas todo mundo adora comer a massinha frita mesmo...
Fritar em óleo bem quente, escorrer sobre papel guardanapo.
Rechear à vontade, com palmito refogado, escarola, ou carne moída, frango, queijo e tomate...
Dobrar o pastel, fechar com o garfo apertando as beiradas. Eu não esquento muito com a belezura dele: eu podia cortar com a borda de uma caneca ou com a carretilha, prá ele ficar mais redondinho e bonito, mas todo mundo adora comer a massinha frita mesmo...
Fritar em óleo bem quente, escorrer sobre papel guardanapo.
O álcool da pinga evapora com a fritura, mas deixa um sabor delicioso na massa.
Sabor de infância, de lembranças boas...
Agora vocês também, quando fizerem pastel em casa, vão ter uma lembrança associada a essa gostosura: até um simples pastel pode ter história...
Agora vocês também, quando fizerem pastel em casa, vão ter uma lembrança associada a essa gostosura: até um simples pastel pode ter história...
Olá
ResponderExcluirSempre que dirigimos
os nossos pensamentos,
ao que acorda sentimentos bons
em outras vidas,
cada palavra escrita
é uma espécie de oração.
Que teu coração seja o céu
onde as palavras possa voar
buscando a esperança.
Muito bonito isso que você escreveu, agradeço. Um abraço.
ExcluirRosa, minha amiga, como é bom ter lembranças da infância! E que boas lembranças as suas. Só de olhar as fotos fiquei com água na boca. É uma receita bem simples, acho que vou me atrever a fazer também. Vou fazer bem pouco, talvez metade da receita, porque senão eu fico comendo pastel o resto do mês! (risos). Obrigada por compartilhar conosco a história de sua vida e esta receita tão apetitosa. Beijos e bom final de semana.
ResponderExcluirSó agora reparei que teu comentário estava no spam, minha querida! Espero que você não tenha pensado que eu tinha deletado ele... Obrigada por sempre aparecer, tão gentil, e deixar seus comentários. Beijos.
ExcluirOlá.
ResponderExcluirSou apaixonada por seu blog e por suas histórias, lembro sempre da minha infância , saudades daquele tempo em que se podia brincar na rua.Bjus e bom fim de semana.
Olá, Maria da Luz, fico feliz que você goste. Eu também tenho saudades desse tempo...
ExcluirBeijos e uma linda semana prá você.
Que delícia!!!
ResponderExcluirObrigada!
ExcluirRosa, que delícia, quando vi o de escarola e palmito, meus preferidos! Lembra infância mesmo. Minha mãe aprendeu a fazer esfiha e nos sábados ela fazia e nos nos deliciavamos. Lembra muito minha infância. Minha mãe e meu pai eram ótimos cozinheiros.Obrigada pela receita, vou guardar com carinho e usa-la! bjs
ResponderExcluirNIna
Bom fim de semana!
Nina Dias
Esfiha de mãe - que saudades! Minha mãe também costumava fazer, ficavam pequenas, meio tortinhas, mas eram incomparáveis!
ExcluirBeijos e uma linda semana prá você, minha querida!
Hummmm....Rosa deu até água na boca! Deve ficar delicioso. E que história linda, adorei!
ResponderExcluirBeijos, Débora Oliveira
Que bom, Débora querida! aproveita as férias prá experimentar fazer, fica uma delícia mesmo. Beijos e uma linda semana!
ExcluirQue historinha linda. Conta mais, Rosinha, conta!
ResponderExcluirAdoro esses pasteis que só no brasil conseguem ser deliciosos. Adorei, portanto, a receita que guardarei rligiosamente.
Beijo, querida
Ah, mas aí em Portugal também deve ter cachaça... Faz pelo menos um pouquinho... Mesmo num dia de calor, um pastelzinho, um suco de maracujá gelado...
ExcluirBeijos e uma linda semana de verão prá você, minha querida!
Que interessante, somos mesmo da mesma época. Minhas lembranças são parecidas...brincar na rua, desenhar no chão, brincar de pique..tudo na rua. Também tinha o amolador de facas, o leiteiro, o vendedor de aipim (macio, macio...) e a vizinha fazia pasteis e o filho vendia na rua. Uma delícia. Sua receita tem uma cara ótima. Vou anotar pra depois pq agora estou de dieta por intimação médica.bjs
ResponderExcluirAh, o amolador de facas! Adoro aquele apito que eles tocam, avisando sua chegada - parece que abre uma porta no tempo...
ExcluirQuanto ao pastel, segue direitinho as ordens médicas e, quando for liberado, faz alguns prá comemorar a vitória, tá bom?
Beijos e uma linda semana prá você, querida Célia!
Humm, esses seus pastéis estão lindos demais, Rosa!! E com certeza, deliciosos também!! Ahh, e eu queria mesmo era dar uma ' sovadinha' nessa sua Pequena. Amo amo amo.
ResponderExcluirbeijoss
Você nem imagina como a Pequena é amassada, beijada, carregada no colo! Ela é a nossa panquequinha... Mais amada, impossível!
ExcluirBeijos e obrigada, Luci querida!
Rosinha, isso é coisa demais para mim, mas será útil para
ResponderExcluirquem ama cozinhar, boa semana e beijocas
ah, mas a massa é super fácil de fazer - e pode rechear com queijo, ou com sobra de carne ou frango desfiado... Você devia experimentar...
ExcluirBeijos!
Rosaaaaaaaa, parei de reber tuas atualizações no email, e apenas hj consegui tempo de vir aqui. Estava preocupada , graças a Deus está tudo bem... e me deparo com esta delícia...
ResponderExcluirBjus!!!
Liege
Então: voltou e deparou com essa delícia, tem que por a mão na massa! Nem que seja prá rechear de presunto e queijo...
ExcluirBeijos e obrigada!
Oi Rosa já copiei o pastel.A trança que viu lá no meu colete é bem fácil, tem mts vídeos explicando e fica linda!!! Tenta tenho certeza que vai conseguir e amar!
ResponderExcluirBjus!!!
Liege
Vou procurar, obrigada. Beijos!
ExcluirDeu vontade de fazer! Do recheio, também gostei! Beijos!
ResponderExcluirAi, me perdoa! Só vi tua mensagem agora, minha querida! Obrigada por comentar e um grande beijo!
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