terça-feira, 30 de abril de 2013

Palavras contadas

Assisti a um documentário muito interessante sobre diferenças entre o cérebro dos homens e das mulheres.


Vocês sabiam que as mulheres conseguem executar várias tarefas ao mesmo tempo? 

Lógico que sabiam, naturalmente vocês fazem isso, não é mesmo? 

Cuidam dos filhos enquanto estão preparando o almoço e dão uma checada na roupa que a máquina tá lavando, dão uma paradinha prá espirrar um desinfetante no banheiro e regam as plantinhas nos vasos... 

Os pesquisadores fizeram uma experiência mais ou menos assim: confinaram participantes - homens e mulheres, cada um por sua vez - em um ambiente fechado e controlado, simulando um pequeno apartamento, onde eles tinham que cuidar da comida no fogo, passar umas peças de roupa, atender ao telefone, colocar outras tantas peças de roupa na máquina de lavar... Os homens piravam, se atrapalhavam todos; as mulheres faziam tranquilamente - questão de administração do tempo e concentração. Parece que o cérebro dos homens se concentra em uma tarefa de cada vez, enquanto que o nosso se divide - ou se multiplica? - abarcando diversas situações ao mesmo tempo.

Já pararam prá pensar  nos primórdios da Humanidade? 

Os homens saíam prá caçar - e faziam isso muito bem.

As mulheres cuidavam dos filhos enquanto coletavam frutas; destrinchavam os animais trazidos pelos homens e faziam, com suas peles, roupas prá todo mundo. E os homens saíam prá caçar...

No documentário também dizia que os homens usam em torno de 2 mil palavras por dia prá se comunicar, enquanto as mulheres usam de 5 a 7 mil. Enorme diferença, não é mesmo?

Pensa bem: enquanto os homens saíam prá caçar - e tinham que ficar bem caladinhos, senão espantavam os bichos - as mulheres ficavam juntas, coletando frutos, olhando os filhinhos - conversando prá passar o tempo... Se bobear, fomos nós que inventamos as palavras! Uma mulher do lado da outra, cada uma costurando uma roupa grossa de pele, papeando prá distrair a cabeça, ralhando com as crianças... Passando adiante, através de conversas e e de contar histórias, tudo o que sabiam, tudo o que de importante seu grupo tinha vivenciado no dia, no passado... Viviam pouco - dizem que a média de vida era de 18 anos na Pré-História! - então tinham que falar logo, falar muito, prá manter viva a linguagem que estava se formando...

Assim vemos que mulheres sempre falaram mais que os homens - e assim que tinha que ser, pois senão a gente não tava aqui (eu digitando, vocês lendo...).

Mas - na verdade - o importante não é quantas palavras a gente fala, mas o que se diz usando elas.

Tem um filme do Eddie Murphy chamado "As Mil Palavras" (na sinopse diz que é uma comédia prá assistir em família, mas eu não assistiria com crianças pequenas...) sobre um trapaceiro que descobre que, a cada palavra que fala, uma folha cai da árvore do seu quintal (e tem mil na árvore) e que, quando todas caírem, ele vai morrer. Então ele se dá conta de que precisa economizar palavras, usar com sabedoria cada uma delas. 

Mil palavras? Muito pouco!!! Se um homem usa 2 mil, mil dá prá metade de um dia! Prá mim, então, ia durar umas 3 horas - com sorte!!!

Então a gente pára prá pensar: Nossa média de vida não é mais 18 anos (Graças a Deus!!!) há muito tempo - embora nós também tenhamos nossos dias todos contados aos olhos do Criador. Vivendo 18 ou 80 anos, ninguém em sã consciência quer desperdiçar um só precioso dia - mas acabamos fazendo isso, sem querer, por causa da noção de eternidade que nossa alma carrega embutida e que a gente inconscientemente atribui também à carne... 

Sem querer parecer apocalíptica  vou repetir: nossos dias estão todos contados, como os fios de nossos cabelos...

E as nossas palavras? Nossa linguagem, hoje, tem tantas delas que o peso de um dicionário Aurélio serviria prá fazer uns bons exercícios pros braços - ou prá machucar a coluna de quem o carregasse errado... Ah, é... Mas a gente não precisa mais de dicionários de papel, tá tudo no computador...

Gastando 2 mil, 5 ou 7 mil palavras - ou apenas as mil do filme - todas elas, de certa forma, estão também contadas. Não que a gente vá morrer ao final de pronunciá-las, mas elas podem significar o fim de muita coisa... Ou o princípio.

A gente pode falar muito e não dizer nada - e, às vezes, pode dizer uma única palavra e fazer toda a diferença - pro bem, ou pro mal... 

Palavras podem parecer apenas ar que sai de nossa boca, com som, mas o ar afeta tanto nossa vida, não é? Sufocamos sem ele. Ele pode mover um moinho, prá fazer a farinha que vai virar pão, pode empurrar uma embarcação pro seu destino... O ar pode virar magicamente vento graças a diferenças de temperatura e pressão, refrescando nosso dia ou se tornar um tufão e destelhar casas, destruir uma cidade inteira... 

A importância desse "ar", dessas palavras que pronunciamos, nos vem sendo ensinada desde que o mundo é mundo, quando Deus o criou através do Verbo e também quando Jesus nos disse que o mal era o que saía da boca do homem - as mentiras, as traições...

Assim, acredito eu, não importa se a gente é homem ou mulher, se a gente consegue fazer uma porção de coisas ou se a gente tem que focar a mente numa delas por vez: é a atitude que importa, é a palavra que pesa...

Estou apaixonada por um seriado de televisão, "Touch", com o ator Kiefer Sutherland - o mesmo de "24 horas". Ele é sobre um menino autista, cuja mãe faleceu quando ele era um bebê na tragédia de 11 de setembro e cujo pai, de repórter bem pago e famoso de um grande jornal passa a trabalhar no terminal de carga de um aeroporto, como mero despachante, prá ter mais tempo com o filho. O tempo todo ele tenta se comunicar com o filho - que jamais disse uma palavra - deseja abraçá-lo... O filho é extremamente inteligente e também tenta se comunicar - só que usando números, ao invés de palavras - e sua comunicação vai além do pai: ele tem uma noção de Bem Maior embutida em seu cérebro e, ao transmitir ao pai determinados números, o faz interagir com outras pessoas, alterando os destinos de várias delas, próximas ou do outro lado do planeta - sempre prá melhor. É lindo o primeiro episódio, a gente termina de assistir querendo mais, querendo acreditar que o Bem anda por aí, interligando destinos, consertando as coisas através de simples atos e palavras. Assistam se tiverem oportunidade - dá prá ver pelo computador.

Voltando à importância das palavras, digo de mim: que eu saiba usar as palavras sabiamente, nunca prá magoar, nunca prá ferir; que - ao criticar, quando necessário - eu seja construtiva e que eu possa, com elas, fazer a diferença prá melhor, onde quer que eu seja ouvida - ou lida...

Hoje é aniversário da minha Naninha - ela mesma escolheu o apelido "Nana"... 

Foi bem assim: eu cantava "Nana Nenê" prá ela e prá Lolinha dormirem e, quando eu tentava ensiná-la falar o próprio nome, ela teimava comigo e dizia "Nana". 

Acabou ficando... 

Acho que ela pensava que ela era a Nana da música... 

Nome lindo, apelido doce, de uma criatura que veio ao mundo na maior dor que eu já senti na vida - e que valeu demais a pena. Se eu tivesse que sofrer o dobro, o triplo, aceitava - respirava fundo e ia prá sala de parto, só prá escutar aquele choro se calar, nos braços da enfermeira, quando ouvia minha voz, chamando por ela. 

Te amo tanto, filha, que até dói... Esse amor, a maior parte do tempo, me deixa sem palavras, com o coração gritando infinitas delas dentro do meu peito...

Feliz aniversário, minha vida, meu orgulho, presente de Deus magnífico que eu luto por merecer a cada dia da minha vida.


Share:

4 comentários:

  1. Lindo texto, e mais linda ainda essa declaração de amor prá sua filha! Parabéns às duas!! E eu que sou de poucas palavras, então...
    beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ai, querida Luci, queria às vezes ser de poucas palavras... volta e meia falo besteira. Beijos e obrigada pelas poucas - mas gentis - palavras...

      Excluir
  2. Parabéns para a Nana, ainda que atrasado! Que Deus a ilumine, oriente e proteja.

    Li sobre essas diferenças entre os sexos, no livro: Porque os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor. muito interessante. fiquei até mais tolerante com o meu marido rs

    bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nunca li esse livro... Mas é a pura verdade que eles são diferentes e nem tem culpa. Amar é assim mesmo: tem que aceitar o pacote todo... Beijos!

      Excluir

Todos comentários são moderados pelo meu filho para evitar spam. Se você postou um comentário e ele ainda não apareceu, aguarde mais 24 horas. Obrigada!