segunda-feira, 25 de março de 2013

Prá ver a vida passar...

Chega uma hora, na vida da gente, na qual a gente precisa de uma cadeira de balanço. Sempre pensei isso, desde os tempos da minha infância, quando minha vizinha, Dona Izaura, ficava sentada na varanda, numa cadeira dessas, mas de madeira, lendo livros enquanto assistia eu e meus amigos e amigas jogando bola, empinando pipa, jogando pião e bolinhas de gude. Porque - sinceramente - as brincadeiras de garotos sempre foram mais divertidas prá mim. Eu só brincava de bonecas prá fazer roupinhas com os restinhos de pano das costuras da minha mãe - de resto, era uma "rueira".

Mas agora, que tanta água já passou debaixo da minha ponte, eis que minha alma, já há algum tempo, tem pedido por um balanço...

Minha ideia era ir no Bazar do Abrigo Bezerra de Menezes comprar uma cadeira de balanço linda que eu tinha visto dois bazares atrás: de madeira colorida prá parecer mogno, bem torneada prá parecer móvel antigo, só com as almofadas meio judiadas... Até me imaginei lixando tudo, envernizando, comprando espuma nova pro encosto e pro assento, forrando eu mesma com gobelein ou chenille... Custava só 70 merrécas!

Mas o patrão se antecipou ao meu desejo e me proibiu: disse que a reforma ia acabar encarecendo a cadeira, que ia ser coisa usada (e ele não gosta...). Então dei um ultimato a ele: tinha que me comprar essa de metal, igual àquela que eu tenho no sítio. É uma pechincha: R$130,00, super-ergonômica por causa das tiras plásticas - uma delícia sentar nela.

Peguei dois travesseiros velhos e improvisei as almofadas, prá ficar mais confortável ainda - não reparem, não sou muito boa em patchwork. Prá falar a verdade, meio que foi um "fracasso de bilheteria": quando terminei tudo e chamei os filhos prá verem - e me elogiarem - meu filho disse: "Meu Deus! A mamãe foi na floresta, matou um dos ursinhos carinhosos e fez almofadas com o pelo dele!!!". E todo mundo riu da minha cara... É assim mesmo: cruel passagem do tempo. Os filhos que eram bebezinhos doces ficam com senso de humor - e aí nem você escapa.

Mas agora posso continuar meu plano maligno de manter o "Marildo" ao meu lado sendo Sherazade - lendo livros pra ele e pros filhos. Comecei lendo só pros pequenos, mas nunca parei - a gente se reúne na sala, se acomoda e eu leio em voz alta prá todo mundo. E quando os filhos tem mais o que fazer, leio só prá ele. Não, ele não é analfabeto - só tem especial predileção por ouvir o som da minha voz...

A cadeira era assim:

Prendi as almofadas (que nada mais são do que travesseiros) com tiras costuradas atrás dos babados, assim:



E você, que é madame, pode comprar uma cadeira melhor, de madeira de lei, fazer almofadas mais bonitas que as minhas, mas não pode perder de dar umas balançadinhas, pensar na vida, assistir o tempo passar, devagarinho...
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20 comentários:

  1. Nossa Rosa, ficou linda!
    Sabe que eu também tenho essa vontade de ter uma cadeira de balanço?
    E que coisa romântica essa de você ler para o seu marido....
    Achei o máximo!
    Bjs

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    1. Você deve então comprar uma, Cris, bem linda, que combine com a decoração, seja prá ver a vida passar, prá fazer um crochezinho ou simplesmente prá ler... E ler pro meu marido, como eu disse, é parte de um plano maligno meu: manter ele do meu lado, não só pela comida gostosa, mas também ouvindo história atrás de história, até o fim da vida. Beijos e obrigada.

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  2. Rosa!!! Quero uma!!! Faz tempo que fico de olho em uma dessas... quem sabe...
    Bjus!!!
    liege

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    1. Ah, Liege, vale muito a pena. É uma delícia, um chamado à contemplação da vida... Beijos e obrigada.

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  3. Rosa ficou linda a sua cadeira de balanco, lindo o babado rosinha ...gostei da historia...e tb me vejo assim,,,c uma cadeira de balanco, numa varanda,,,e tendo em minha mente doces lembrancas e recordacoes.

    Bjinhos rose jp

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    1. Por isso mesmo que eu quis a minha: prá ficar confortável enquanto faço a contabilidade dos pensamentos... Beijos, Rose querida.

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  4. Rosa,olha a coincidência o meu marido comprou uma cadeira desta ontem e quando eu vejo, você também esta idéia. Agradeço. Solange Bjus!!!

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    1. É uma delícia, não é? Mas agora eu quero um puff prá apoiar os pés - rainha de tudo! Customia a sua e vem contemplar a vida... Beijos!

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  5. Rosinha querida quem não quer uma dessas
    cadeiras tão fofas né....Adoreia ideia de fazer
    elas ficarem mais bonitas .parabéns
    Deixo um abraço com carinho
    Bjuss
    Rita!!!

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    1. Obrigada, Rita querida! Acho que a gente merece um cantinho gostoso na casa, bem aconchegante, prá descansar o corpo enquanto lê ou faz um tricô ou simplesmente relembra o que já passou, não é? Beijos.

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  6. Rosinha, achei a cadeira uma fofura,e com a sua almofada
    melhor ainda, eu também hei-de querer uma...bjs

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    1. Fa bem de querer uma também - e aposto que, com teu talento, a tua ainda há de ser mais linda, Mira querida. Beijos!

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  7. Rosa, chega um tempo em que a gente também curte o tempo que passou, né? Eu gosto de arrumar a mesa para eu mesma. Eu adoro bules de porcelana como nas mesas antigas. Também garimpo nos bazares da vida.
    Vou arrumar um tempinho pra assistir o filme que vc me recomendou e depois te falo. Um grande bj, Cacau.

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    1. Eu também adoro bules de porcelana, louça antiga, móveis antigos...
      Você vai adorar os filmes, tenho certeza. Beijos, Cacau querida.

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  8. Rosa, querida, há muitos, muitos anos ( no século passado, para ser mais precisa, mas não rigorosamente precisa que isso não interessa nada...), quando nasceu o meu primeiro bebé eu quis, porque quis, uma cadeira de baloiço, para embalar o filhotinho. E tive uma, linda, branquinha, com almofadas.
    Esse filhotinho era da raça de berrar como um desalmado ... com fome, sem fome, com sono, sem sono, com xixi, sem xixi! Associo a cadeira de baloiço a noites insones !
    Não quero mais, mas a tua é uma beleza!
    E espero que o marildo não leia o esclarecimento sobre o analfabetismo:-)
    Beijinhos, linda!

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    1. Ainda bem, então, que eu só ganhei minha cadeira agora! Que triste ter uma memória desagradável associada com algo tão sonhado!!! Quem sabe se você comprar agora outra, de modelo diferente, não vai ter um recomeço?
      Quanto ao "Marildo", ele nem ia ligar pro esclarecimento. Sabe, ele é a cultura em pessoa: eu sei falar o português certo, mas abrevio, uso gíria... ele não: tudo tem que ser certinho, vive me corrigindo... Beijos, querida Nina.

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  9. Ah D. Rosa, adorava ter uma cadeirinha de baloiço assim, linda como a sua!
    Adoro cadeiras de baloiço, mas infelizmente até agora ainda não tive nenhuma... e agora não posso comprar :(
    Que bonito, você ler para o seu querido e para os filhotes.
    Adoraria ouvir uma história contada por si, ao vivo e a cores :)
    Beijinhos querida Rosa :*

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    1. Marta querida! Nem acredito que deixei passar teu comentário sem resposta!!! Me perdoa!

      Se Deus quiser, quando a idade dos balanços chegar, você vai também ter a tua cadeirinha - tudo a seu tempo, minha linda...

      Quanto a ouvir histórias com a minha voz - apenas leia, que o blog tá cheio... A minha voz não é lá grande coisa...

      Beijos!

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  10. Querida Rosa...falando assim lembro-me do Pequeno Príncipe mandando cartas à sua amada Rosa!!!! Descobri seu blog e estou simplesmente ALUCINADA! Pois ouvia tantas estórias como as suas quando eu era criança...mas das mães e avós das amigas...as minhas nunca deram valor à essas coisas...a materna era ruim que nem o cão chupando manga...e a paterna quase não nos visitava pois havia muitos outros netos para dar atenção...então fiquei meio perdida nesse sentido...hoje, aos 37 anos, com uma filha com 6 e outra com 3 e de quebra uma enteada de 14...me reflito na sua imagem...aprendendo costura para as meninas...lembrando-me de alguma receita gostosa pra família inteira...tentando reviver conceitos que nem sei se foram plantados um dia em mim...mas eles existem sim! Estou adorando tudo isso, e ser a referência desse meu pequeno núcleo familiar! faça logo mais postagens que é pra eu me deliciar!!!! Bjs fraternais! Jussara Simmer Bravin, Médica Vetterinária, RJ.

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    1. Juju, minha querida, é triste saber que você não teve avós de quem recordar com carinho, mas é assim mesmo: em cada vida Deus coloca gente maravilhosa e gente inócua e, às vezes, a história boa da família está ainda prá começar, tendo nós mesmos como ponto de partida... Quem sabe um dia uma neta sua não vai estar escrevendo um livro, baseado em tudo o que viverá com você, não é mesmo? É como você mesma disse: aproveite bem a alegria de ser a referência do seu pequeno núcleo familiar...

      Quanto às postagens, se você gosta de ler o que escrevo, vai no marcador aí do lado e clica em "historinhas" - tá cheio de coisas...

      Obrigada por tudo.

      Beijos.

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