quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Selinhos Adolescentes

Você se lembra de como era antes? Todo mundo dizia: "Ser mãe é padecer no paraíso..." e até que era - mesmo com a choradeira noturna, as trocas de fraldas... Tinha horas que a gente nem sequer lembrava do próprio nome, parecia um zumbi andando pela casa, esperando que essa fase passasse, esperando pelas primeiras palavras, os primeiros passinhos... Quando eles dormiam, era tão lindo de se ver...




Mesmo quando já não eram tão pequenos, você ia acordá-los prá escola e ficava lá, um minutinho só, babando...


Aí alguém aparecia e dizia: "Filhos criados, trabalhos dobrados"... "Ah, que nada!" - você pensava - "Quando eles estiverem grandes, aí eu vou voltar a ter um tempinho de novo prá mim..." Alguém sabe do dia e a hora em que isso realmente aconteceu? 

Antes, a gente era o centro do mundo, tinha super poderes, sabia tudo de tudo... Os olhinhos deles brilhavam quando olhavam prá gente... Eles usavam a roupa que a gente comprava, comiam (e adoravam) a maioria das comidas que a gente fazia...  Nós os chamávamos para passear, não importava onde, eles iam, com o maior dos entusiasmos...


Aí, um belo dia, a gente ouve uma frase meio assim:

e descobre que eles querem privacidade - DE NÓS!!! - querem ser donos do seu espaço, do seu próprio tempo e - muitas vezes - de um espaço e de um tempo meio fora de mão dos nossos...

Ficam grudados no celular, MP-isso, Ipad-aquilo...

Se apaixonam - uma vez por mês...


Conquistam espaços, pessoas, histórias - das quais a gente parece não fazer parte...


Aquela linda garotinha aparece em casa acompanhada de um rapaz que - apesar da aparência - só o que  conseguimos ver é isso:
E tudo o que queremos fazer é pular na jugular dele...

Ou então o garoto, aquele rapaz maravilhoso que a gente jura de pé junto que é o melhor do mundo (e que nenhuma mulher do Universo merece...) se despede (com um beijo) de uma garota que parece que acabou de ser pescada do rio Amazonas... Ai...


A gente pensa: "Que sorte eu tenho... Eles andam com uma turma de amigos que eu aprovo!" Mas acabam sempre passando menos tempo com a gente...


Ou nos enchemos de paciência porque, sem mais nem porque, nossa casa se transforma em um campo minado, tudo é motivo de rebelião e revolta - a gente se torna o sinônimo de tudo que está errado à volta deles: nós, a geração que fez do mundo o estrago que eles veem por aí...


Pára! Pára! Pára!

"Volta o filme!" 

Não precisa chegar nesse ponto... Antes de mais nada, lembra que você já esteve no lugar deles, já foi jovem, cheia de combustível prá queimar, dona de todas as respostas, pronta para o que der e vier... 

Prá diminuir as distâncias, tenta entender o mundo em que eles vivem. 

Ouça as músicas que eles ouvem (você pode até gostar de muitas delas...), assista os programas que eles assistem, leia o que eles estão lendo... 

A gente precisa de pontos em comum pra dialogar. Não me venha com "No meu tempo as músicas eram assim..." "No meu tempo isso ou no meu tempo aquilo...". 

Este também é o teu tempo: enquanto a gente está caminhando pelo mundo, tudo é do nosso tempo. 

Dê conselhos, mas saiba que ninguém aprende muito com eles: tem que por a mão na massa, tropeçar nas pedras, machucar os pés, criar seus próprios calos...

Abrace de braços abertos, que assim eles vão, mas voltam...

Comemore cada pequena vitória deles, esteja sempre pronta prá escutá-los, ofereça o ombro prá chorarem quando o mundo não corresponder às expectativas deles.

Antes de mais nada, lembre a eles o que realmente importa:


Tenha fé em Deus e na educação que você mesma deu a eles: falta de confiança, às vezes, machuca mais que surra...

No fundo, no fundo, eles vão acabar entendendo que você não quer (nem pode...) impedir que eles cresçam, e que, por mais que o façam, sempre vão ter o mesmo lugar especial dentro da sua vida e do seu coração... 

Por maiores que fiquem, mais altos e mais fortes e que até  consigam te carregar no colo, por mais que se tornem totalmente independentes e que não precisem mais de sua ajuda e ainda aprendam no mundo muito mais do que você pode ensinar (parece duro, eu sei...)eles sempre vão ser seus bebezinhos, não é? 



Como naquela música dos Pretenders: "Nada que você confessar vai me fazer te amar menos - eu ficarei do teu lado..." (essa é uma tradução minha...). 

Então, aproveita a experiência e pensa assim: só Deus mesmo pode ser tão bom e tão sábio, pois nos deixa sentir com Ele uma das maiores alegrias que Ele sente - ser Pai (ou mãe)...

(Daquela que nunca parou de assistir desenhos animados a vida toda - uma brincadeirinha com fundo de verdade - prá vocês...)




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2 comentários:

  1. Matutinha linda, você não imagina como fiquei feliz que você gostou... Sabe, das coisas que eu exponho no blog, as que eu mais gosto são as historinhas e os selinhos (acho lindos...). Muito obrigada e um beijo.

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