Houve uma vez, há muito tempo atrás, um tecelão como jamais houve nem nunca haverá outro, com tal perícia em sua arte que conseguia tecer usando qualquer matéria, fosse ela real ou imaginária, tangível ou intangível, sólida, líquida ou gasosa.
Amava sua arte e profissão e a desempenhava sempre com um prazer infinito - o que se refletia em cada uma de suas obras primas.
Criava sempre um tecido novo, para uma nova finalidade, sem se repetir jamais (isso aos olhos de quem prestasse atenção aos detalhes...).
Usando linho ou seda, lã, cânhamo ou algodão (às vezes até uma mistura deles...), acrescentando ora um raio de luz do sol, ora o cheiro de grama fresca da manhã, o canto alegre dos pássaros na alvorada ou a cor do céu quando a noite vai chegando, ele criava através de suaves tramas e urdiduras as mais belas e originais peças.
Certo dia, depois de se apropriar de infinitas gotas de orvalho, algumas flores e um sonho lindo que havia tido, o Tecelão estendeu no varal de sua casa um tecido maravilhoso, vivamente colorido e translúcido, com estampas que lembravam flores e borboletas e que cheirava deliciosamente fresco e limpo...
Estendido ali, no varal, o tecido já tinha destinação - pois o Tecelão nada fazia sem um propósito já previamente definido.
Porém, por um capricho do destino, enquanto o Tecelão descansava na calmaria da tarde, tendo o sono gostoso e pesado, lá veio uma brisa forte, antecipando uma tempestade - e o lindo tecido, de tão leve que era, se foi pra muito longe, levado pelo vento...
Devido se sobressair da paisagem a sua volta por sua beleza e colorido, facilmente foi encontrado por um homem a caminho de seu trabalho no campo - homem esse que se sentiu feliz e cheio de sorte...
Tentou usar o tecido pra diversas finalidades... Usou-o como lenço em volta do pescoço - mas seus amigos riram dele, pois essa moda não era comum por aqueles lados; tentou secar com ele o suor do rosto, mas percebeu que o tecido não era apropriado pra esse fim, pois nem muito absorvente ele era... Tentou usá-lo como mosquiteiro - sem sucesso - e, por fim, mal humorado, amarrou-o em volta do pescoço do cavalo...
Sedoso e escorregadio como era, desfez-se do tecido o nó e este caiu pelo caminho...
Veio a noite, amanheceu o dia, caiu a chuva e brilhou sem piedade o sol por sobre aquele pano, enquanto ia se passando o tempo.
Volta e meia alguém o achava e, encantado por sua beleza, apropriava-se dele, dando-lhe o destino que bem lhe aprouvesse...
Foi cortina em uma janela, foi vela em um pequeno barco, foi coberta de um menino...
Capa de um soldado, avental de um padeiro, bandeirola no alto de uma torre...
Capa de um soldado, avental de um padeiro, bandeirola no alto de uma torre...
Cada pessoa que o encontrava tentava dar a ele o fim que mais precisava, sem jamais pensar no fim para o qual o mesmo havia sido criado.
Davam-lhe o uso rústico de um cânhamo, simples de um algodãozinho, quente de uma lã - e para nada disso ele realmente servia... Fatalmente acabava esquecido em algum canto, descartado sem dó nem piedade, perdido...
Passado algum tempo lá estava ele novamente abandonado na beira de um caminho, tendo sido ali largado pela enxurrada da última chuva...
Tinha muitos fios puxados e desfiados, uma das pontas estava rasgada de fazer dó... Em um dos cantos via-se até mesmo o chamuscado de uma cinza de cigarro...
Para olhos observadores era bem clara a qualidade e beleza que ele ainda possuía, mesmo com as cores das estampas já meio esmaecidas pelo desgaste do tempo e das lavadas - e por isso era quase garantido que suas viagens não teriam fim tão cedo....
Mas então, como o destino era mesmo muito caprichoso, calhou de passar justamente por ali o Tecelão que o havia feito - e que, feliz da vida, o reconheceu de imediato!
-"Ah! É aqui que você estava!!! Mas... Ohhh... O que foi feito de você este tempo todo?..."
Pegando o tecido em suas mãos hábeis, o Tecelão o lavou na água limpa do rio, vigiou de perto enquanto ele secava com a brisa no varal e, usando as mesmas matérias que usara na sua confecção, o remendou com maestria - a ponto de ninguém que não fosse ele mesmo saberia que ali havia remendo... Ficou ainda melhor do que quando era novo, pois estava ainda mais macio...
Feito isso o Tecelão calçou suas sandálias e saiu - antes que mais alguma coisa acontecesse pra desviar o tecido de sua destinação...- e foi, com pressa, levá-lo para aquele a quem estava prometido...
Ali, recebido por aquele que havia ansiado por ele por boa parte da vida, o tecido pode enfim cumprir seu destino, tornando alguém tão feliz quanto se podia ser feliz neste mundo, sendo apreciado e devidamente cuidado - como o Tecelão sempre soube que devia ser.
(História inventada por mim para ajudar a consertar um muito amado coraçãozinho partido...)
Rosinha, estou surpreendida com o seu silêncio, vamos lembrar que
ResponderExcluirJesus, falava com toda a gente e foi bondoso com todos, sem pudores,
descriminação ou preconceito, beijinhos
Ainda bem que a gente já se entendeu, Mirinha querida... Era só eu viajando no fim do mundo, sem telefone nem internet ou celular... Beijos!
ExcluirOlá, Rosa, Navegando na internet à procura de um PAP sobre colagem de viés em bolsa redonda "te encontrei", vi encantada com um post seu de 2013, uma " lancheira" feita com embalagem plástica. Estou aprendendo reciclagem em pet e outras coisitas, mas não sei costurar, apesar de ter máquina de costura(bem meio velhinha, herdada...rsrs) e overloque( não sei passar os fios nas agulhas...rsrs). Tenho o blog RE&ARTEIRICES se puder faça uma visitinha.Beijokas!!!
ResponderExcluirhttp://reginasantos09.blogspot.com.br/
Pode deixar que eu vou te visitar sim, Celia querida. Beijos e obrigada por aparecer!
ExcluirRosa...adoro seus textos e escolheu uma personagem fantástica...ligada ao mundo do nosso artesanato que é maravilhoso! Bj
ResponderExcluirMuito obrigada, Maria da Graça querida. Beijos!
ExcluirRosa
ResponderExcluirVocê já pensou em ser escritora? reunir suas estórias e publicá-las?
É tão agradável ler o que escreves.
Estou feliz com teu retorno.
Bjs
Claro que eu pensei, mas não tenho talento prá isso, só conto algumas historinhas...Mas obrigada, Fatinha querida! Beijos!
ExcluirRosa querida!! esqueci de comentar contigo...
ResponderExcluirmas a Ronã Malhas mudou de endereço. Agora estão na Av.Timóteo Penteado, o n° acho é 1973. Estão num espaço maior. Ainda não fui lá mas quase todos os dias passo em frente pois é pertinho de minha casa, distante uns 900m. Não há estacionamento na loja mas é tranquilo estacionar nas ruas no entorno ou no largo que fica defronte à loja.
Era isso que queria te "dizer" ainda quando estavas de férias.
Bjssss
Obrigada pelo aviso, Fatinha querida. Sem você eu não ia ficar sabendo e ia dar com a cara na porta... Beijos!
ExcluirOi Rosa, adoro vir aqui e ler tudo que vc escreve, vc é uma bela escritora.
ResponderExcluirEu li em algum lugar e adorei, veja:
Quem trabalha com as mãos é um operário;
Quem trabalha com as mãos e o cérebro...é um artesão;
Mas, quem trabalha com as mãos o cérebro e o coração...é um artista!
Beijos
Que lindo, Carla querida! Muito obrigada por gostar do que eu escrevo e ainda deixar um recadinho tão fofo... Beijos!
ExcluirOi Rosa querida,
ResponderExcluirEstou chegando de férias, vim conferir os posts que perdi…
Adorei sua história, você tem talento!
Espero que esteja tudo bem por aí.
Bjs e ótimo final de semana
Obrigada, Doutora querida. Beijos!
ExcluirRosa, que bom que voltou!!!! Espero que tenha voltado apenas com algumas picadas de inseto, caixas de hortaliças, cestos de tricô, descansada e revigorada, pois o campo nos dá esses prazeres. Um dia eu quero ter uma casa no campo também.
ResponderExcluirDepois vou ler tudo.
Beijos
Voltei com tudo isso, mas o que eu mais trouxe foi saudade... Beijos, Helena querida!
ExcluirRosinha querida, sem rede, isolada do mundo, passo para deixar um beijinho.
ResponderExcluirMuito obrigada por lembrar de mim, Nina querida. Beijos!
ExcluirQue bonita história!
ResponderExcluirFaz lembrar o amor que Deus tem pela sua criação.
Querida, tenha um radiante domingo,
beijinhos,
Lígia e =^.^=
Era essa mesmo a ideia, Ligia querida- fazer um amado coraçãozinho partido se lembrar que Deus tá tomando conta...
ExcluirBeijos e obrigada!
Rosa, estou encantada com a história. Tu és uma escritora, das melhores pra mim! Escreves com a alma. Eu sonhei lendo a história, e vi o tempo, pude apalpá-lo. Não posso perdê-lo...
ResponderExcluirObrigada, amiga, por enriquecer de belos sentimentos a minha vida.
bjs
Eu é que agradeço pela tua gentileza e pela lembrança de sempre vir me visitar, Lia querida. Beijos!
ExcluirOlá, Rosa
ResponderExcluirlinda história, é assim mesmo, tudo "certinho" e quando tudo parece estar bem, e a tristeza nos invade porque "perdermos" o que devotamos tanto carinho e amor e uma decepção aparece ...por outro lado, tem pessoas/coisas que é feita para cada um...passa se o tempo e as voltas que tudo dá, chega ,enfim, ao destino , para fazer feliz...
agradeço pelo belo comentário e visita, mas , só para esclarecer , contos/histórias/poemas , em meu blog ,tudo ficção..."
Belos dias,beijos!