terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Luvinhas de crochê!

Inspiradas naquelas usadas pela personagem Maria Joaquina, da novela Carrossel! 


Lindas, femininas, delicadas - e totalmente inúteis, exceto no inverno, onde devem esquentar um pouquinho. Mas o que importa é que são lindas, femininas e delicadas. E fáceis de fazer!

Bom, vamos por partes:

Obrigada a quem sentiu saudades, quem se preocupou achando que meu navio tinha desaparecido no triângulo das Bermudas, minha carroça tinha sido atacada por apaches e eu tinha sido abduzida por marcianos: tá tudo bem, fora umas picadas dolorosas e cocentas de algum inseto desconhecido.

Quase um mês de verde, cantos de pássaros e de grilos - estaria nova em folha se já não fosse tão... bom, não vou dizer velha, mas... quase. 

Fiz 10 vestidos, 5 blusas e umas calcinhas para mim (fase egoísta que posteriormente será explicada...), 9 blusas para as bambinas, um vestido e uma regata prá uma vizinha, umas luvas, uma touca e um vestido prá neta do caseiro. Ufa! quem vê pensa que não descansei nada, mas é que eu sou adepta da filosofia do Ócio Produtivo - "Até Quando Descansa Carrega Pedra", esse é meu lema.

No primeiro dia em que a caseira apareceu prá fazer sua faxina diária, trouxe a neta - Débora, 10 anos. A garota, toda tímida, ajudou a avó (que ainda é bem jovem, tem só 44 anos de idade) no serviço e, no fim, toda tímida, perguntou se eu podia ensinar a fazer "aquelas coisas que a senhora faz com as agulhas", que é "prá eu fazer a luvinha da Maria Joaquina". 

As agulhas eu tinha. Pedi prá Dona Margarida arrumar os fios e ela trouxe um novelo de mollet, uma Cléa rosa e dois novelos de lã prá bebê verde mesclado com branco. Dei a ela o dinheiro prá comprar na cidade a tal luvinha que as amigas da menina usam, que vende em loja de 1,99 e que ela havia me dito que a mãe não comprava porque era muito cara (7 reais...) prá eu saber como era, porque eu não assisto a novela. E parti pro ensinamento.

No primeiro dia, aula de crochê. Apesar da dificuldade em aprender, senti que ela queria muito. Faz, desfaz, faz novamente. Uma correntinha de cada tamanho, esquece de fazer um ponto, faz dois no lugar errado - aquelas coisas que todo mundo faz quando começa..

No dia seguinte aparece só a avó. 20 minutos depois a menina entra pela porta da sala, sem fazer barulho, sem a sacolinha do crochê nas mãos, olhando pro chão, cumprimentando em voz baixa e passando rápido por mim. 

-"Desistiu do crochê, Débora?" - eu pergunto.

Ela, tímida como um coelhinho, fala bem baixinho que errou muitos pontos, começou várias vezes - mas toda vez errava muito - e ficou com medo de levar bronca...

-"De mim?!!! Débora, você acha que eu nasci sabendo? Que quando minha avó me ensinou eu já saí fazendo blusa, cachecol? Que eu não errei nunca? Olha, bobinha, só tem 3 coisas que eu nasci sabendo, igual todo mundo: dormir, chorar e me sujar. Até hoje faço muito bem essas coisas, mas todo o resto eu tive que aprender com alguém. E um montão de gente teve paciência demais comigo. Pode ir buscar o crochê que paciência é comigo mesmo!!!"

E assim passei tardes bem gostosas, mais escutando que falando. Todas as coisas que a alegravam e a chateavam, o menino de quem ela gosta desde os 2 anos de idade (como são precoces as crianças de hoje!) e que a trata muito mal, a chama de gorda... 

Falei prá ela o que eu penso: que a gente tem que se amar, investir em si mesma aprendendo muito, se valorizando e que, com a auto estima lá em cima, sempre vai ter quem aprecie a gente. E prá mandar cheirar meia o menino que chama ela de gorda. Ponto.

Fiz prá ela 3 teares também - e ensinei a usar... Tear feito com clipes de papel, durex e embalagem plástica de lenços umedecidos:


Com ele, fizemos esta touca (também ensinei ela a fazer o fuxiquinho...):

33 pinos, tecidos até quase acabar o novelo de lã mollet.

Tear feito com cone vazio de lã e 4 prendedores de roupa:

Com ele, fizemos esta florzinha aqui:

Outro tear, feito com palitos de sorvete:

Com ele, fizemos esta outra luvinha (22 carreiras reto, arremata, faz uma argolinha de crochê num dos cantos prá colocar o dedo, faz um biquinho e pronto!):

E quando estávamos nos entendo às mil maravilhas, ela aprendendo, eu aprendendo, a mãe dela veio pro almoço num domingo e a levou esperneando embora. 

Isso quando havia dito que ela ia ficar até o fim do mês - vá entender... 

Infelizmente a mãe dela não vai com a minha cara (eu desperto muito isso nas pessoas - elas preferem achar que eu sou nojenta, ao invés de me dar uma chance de abrir a boca...). 

E eu que já tinha planejado fazer uma surpresa prá menina, costurando juntas um vestido com um tecido que eu tinha feito uma blusa prá minha Naninha (que ela tinha adorado) - e que tinha uma sobra boa. Tinha até comprado na cidade um retalho que combinava...

Bom, fiz o vestido assim mesmo e dei prá avó dela. Sei que ela vai adorar, vai se sentir linda.


Muito fácil de fazer: pega uma regata de tecido plano qualquer e usa como molde.Faz ela mais curta, põe umas pences miúdas na frente e atrás prá dar uma leve acinturada e, nas pences da frente, coloca um cinto prá dar o laço atrás. Agrega um retângulo reto como saia, mais largo (e, prá ajustar à regata, você franze ou faz pregas, como eu fiz...). O comprimento é à gosto. Arremata com viés bem delicado, do próprio tecido e pronto!

Novamente a luvinha e sua receita:


Notaram as florzinhas? Eram duas partes de um brinquinho quebrado, que não tive coragem de jogar fora. 

Fiz ponto baixíssimo em toda a volta até cobrir o metal, deixei o strass à mostra e crochetei pétalas gordinhas em ponto pipoca em crochê. Daí preguei nas luvinhas. Lindo né?

Imagino que, daqui 40 anos, quando alguém elogiar como ela faz bem crochê, ela vai se lembrar e dizer: "Aprendi com a Dona Rosa, a dona do sítio onde meus avós trabalhavam... Nossa, faz tanto tempo!!!". 

Acabo de me tornar um pouquinho imortal...



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21 comentários:

  1. Olá D.Rosa! Estava com saudades!Que bom que voltou, já te falei que adoro suas postagens!Quando vi que tinha postagem nova corri pra ver e como sempre vc tem muito a ensinar...
    Quero ver tudinho que vc fez durante suas férias e tenho certeza que serão prosas ótimas!
    Seja bem vinda!Um beijo e enorme!

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    1. Obrigada, Míriam, eu também estava com saudade de postar e receber comentários agradáveis como o seu. Um beijão e espero não desapontar!

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  2. Amei de paixão, minha netinha tem 5 anos e vai adorar, eu tenho linha camila fashiom bem fininha e vai dar certinho. Ela vai adorar porque adora a novela e vou fazzer uma surpresa pra ela. Parabéns por tamanha criatividade, você nos supreende com tantas novidades.Senti muito sua falta.

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    1. Que bom! Experimenta fazer a luvinha menos: essa tem uma certa elasticidade, cabe em minha filha, na menina para quem foi feita e até em mim. Mas, prá uma criança pequena, você vai ter que dar uma diminuída. Deixei umas dicas lá no facebook. Beijão e obrigada!

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  3. Obrigada, querida Wilma. Já estou te seguindo, é uma honra ter voc~e aqui no meu cantinho. Beijão!

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  4. tô passando para deixar o novo link do blog, pois eu mudei e quando você for tentar acessar você vai receber uma mensagem de que ele foi removido e também avisar que tá rolando um sorteio do 1º aninho do meu blog, passa lá também pra participar!

    Sandra
    kesartesemimos.blogspot.com.br

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    1. Já fui lá, Sandra, e me apaixonei pelos enfeites navais do quarto do Gabriel. Nota 1000. Beijos!

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  5. É mesmo! Essa é também uma forma de imortalidade.
    Adore i o texto.
    Beijo

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  6. Rosa, sinceramente, não consigo imaginar que exista alguém que não possa gostar de uma pessoa assim como você! Eu teria o maior prazer em ser sua amiga (ao vivo!), quanta sabedoria! E que estúpida essa vó, não? Nossa,se eu fosse essa avó, adoraria encontrar alguém assim disposta a ensinar coisas úteis a minha neta! Você, com certeza é imortal, pois já imaginou o quanto de coisas boas e úteis já ensinou a outros, tanto aqui na net quanto por aí? Eu aprendi tanto com você, sou tão grata!
    Nas férias, em SP, pensei bastante em você e adoraria encontrá-la! fui no Varejão, que antes era Chaves, e agora das Fábricas e comprei um monte de tecidos baratinhos e bonitos.
    Também sou como você, pois não consigo ficar sem produzir, mesmo nas férias. Levei minha máquina para SP e costurei uns paninhos para minha cunhada e ensinei minha filha a costurar na máquina também.
    Estou feliz que voltou, pois temi que fosse viver lá com os grilhos e cigarras!
    Beijos

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    1. Nossa! Você também carregou a máquina na viagem? A gente é incorrigível mesmo... Meu marido olha a máquina de costura ou a de tricô embalada na caixa e já torce o nariz... Quando estou lá, ele fala: "Vem prá rede, vem prá cadeirinha de balanço, fica fazendo nada ou só lê um livro..." mas, quem diz que eu aguento? Mas, no fundo, ele adora eu ser assim, sei que tem o maior orgulho. Nossos maridos e nossas "crianças" são sortudos, não são? Ou somos nós que temos sorte de tê-los?... Beijão e obrigada pela eterna gentileza.

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  7. Às vezes penso se algum dia vou ler seu blog sem encher meus olhos de lágrimas e o coração de ternura... rsrs
    Linda história. Você é diferente e a vida lhe proporciona momentos e situações diferentes, ou, por você ser diferente as coisas acontecem de modo diferente?
    Não importa. O que importa é que me sinto privilegiada em visitar este espaço.
    Obrigada flor!
    Bjs
    Mara

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    1. Não mereço tudo isso, Mara, é muita delicadeza da sua parte... Acho que o seu modo de ler e de entender é que torna tudo mais bonito. Muito obrigada mesmo e continue por aqui! Beijos!

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  8. Que bom vc de volta! Da próxima vez avisa que estará de férias pra não ficarmos preocupadas com seu sumiço.A luvinha é uma graça.Bjs

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    1. Célia - querida e distraída!!! Eu avisei! Mas você foi muito doce se preocupando... Beijos e obrigada!

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  9. Rosa, que bom que voltou! E como sempre, com muitas coisas boas prá contar. E essa vó, hein? Que é isso? Só pode ser ciúme, né! Mas você já plantou a "sementinha das artes manuais" nessa menininha, e se ela gostar e continuar a tecer,ela sempre irá se lembrar de você, como eu não me esqueço de quem me ensinou!!
    E que interessante esses teares! Dá prá criar muito com eles!
    Estou louca prá ver as outras peças que você fez!!
    beijos

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    1. Obrigada, Luci querida! Na verdade, a mãe da menina é que tem problema de não ir com a minha cara - a avó é gente boa, muito calma e gentil comigo. Obrigada pela visitinha e espero não decepcionar com minhas costurinhas de férias... Beijos!

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  10. Lindo seu blog. Parabéns. Em especial a luva.
    Bjs
    Rosane

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  11. Oi Rosa..menina q isso?? vc sabe tear com clips..juro posso ser muito mal informada, mas nunca vi isso..que coisa mais bacana..to de boca aberta..juro!! vontade de correr pegar uns clips e fazer..hum ate parece q eu ia conseguir, mas q dah vontade dah..que coisa mais linda adoreii, de verdade..bj vou olhar mais coisas..rss

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    1. Faz um que você vai ver como é fácil e gostoso de trabalhar. e se não tiver clips usa palito de churrasco, que dá na mesma. Até galhinho seco de árvore, bem cortadinho, dá certo. Beijos!

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